terça-feira, 18 de dezembro de 2012


Meu filho viajou em Julho deste ano, aos 5 anos de idade. Sozinho.
Isso pareceu um parto complicado, traduzindo o que eu senti.
No dia da viagem fiquei nervosa, com medo...achando que poderia acontecer alguma coisa.

Muitas pessoas devem pensar: Puxa, você é maluca! Como pode deixar ele tão pequeno...viajar sozinho, aos cuidados de uma companhia aérea e abordo com pessoas que você nunca viu na vida?

Pois é...eu fiz. Por ele. Em nome de tudo que eu sinto pelo meu filho...e pela maturidade que isto ira proporcionar a ele,e, principalmente, porque ele também precisa ver o pai.

...por mais que eu sofra e meu coração fique apertado...pra que serve uma mãe?

Sofrer no paraíso é o de menos.

No dia do retorno dele, eu senti as minhas pernas tremendo igual ao dia em que eu fui para o hospital fazer a cesárea.
Ao máximo, tentei manter o controle e pensar que, logo logo, ele estaria comigo...
Demorou uma enternidade...o vôo atrasou. E quando você começa a se acostumar com a idéia de estar deitada numa mesa de cirurgia, com tudo balançando,com um pano na sua frente...tudo pára e vem a pediatra com o presente mais lindo que Deus pode te dar...era ele.
Esperando sua mala, junto com a comissária.

Quando eu o vi, meu coração pulou, eu chorei e pulei de alegria.
Me senti uma criança...aquela comissária era o Papai Noel vindo entregar o presente que eu sempre quis na vida.

Parece bobagem...parece loucura.... Parecia um sonho.

E ele...veio correndo de braços abertos.
"Mamãe...eu estava com muita saudade de você!"

Eu ganhei, mais uma vez, meu dia pelo resto da minha vida.



Obs. Achei este texto no meio de um monte de arquivos que escrevo a respeito do meu filho. Não achei que tinha ficado bom quando eu escrevi então guardei...como ele vai viajar novamente no dia 01 de Janeiro, claro que desta vez vai e volta acompanhado, taí...só pra registrar.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Wolverine

É claro que tinha que acontecer isso justamente brincando com primos! Na infância, quem nunca se ferrou brincando com primos? Parece um comichão, quando junta vira um furacão de idéias das mais mirabolantes aventuras que, algumas vezes resultam em um dedo mindinho quebrado. Exatamente.

O meu filho, quase 5 anos, devorador de pão com ovo, super-herói nato, foi derrotado em pleno samba lelê por uma queda mal posicionada que resultou em um dedinho quebrado.

E lá vai eu, pro hospital quase chorando, passando marcha errada, com som desligado (fato raro), levando o pequeno, que de tão extraordinário, de nada se queixava, na verdade estava tagarela como sempre.

"Foi o Júnior!" - De todo jeito queria colocar a culpa no primo mais velho. O pobre Júnior, nessa altura do campeonado já estava quase quebrando o dedo também pra não servir de alvo para as lamúrias do Victor. Ele se explicou, contou toda a história e claro, concluímos que o Victor caiu de livre e espontânea empolgação e acabou descobrindo o poder da gravidade.

A gente chega no hospital e o bonitão com dedo quebrado quer passear. Diz que está com fome e precisa muito ir à lanchonete. Lá devorou um cachorro-quente sem molho e suco de laranja.
Aí começou a dor.

Dor, dor...

Choro, muito choro. Não deixava ninguém chegar perto da mãozinha.
Quando o médico perguntou o que tinha acontecido, ele logo engoliu o choro e disse: "Eu caí, estava tentando pegar o monstro."
O médico deu um leve sorriso com o canto da boca e encaminhou pra raio-x.

Chegamos no raio-x. Me impressionei novamente.
Claro que meu dedo também estava quebrado, mas com uma dor tripla: no dedo, no coração e na alma.
E ele foi lá, lindo e cheio de lágrimas encarar umas posições no mínimo super dolorosas para "tirar foto do osso". Fez tudo direitinho, sem gritos, escândalos...aguentando a dor, lagrimando, e abrindo a boca fazendo uma cara daquelas de quem sente dor mas não emite barulho algum...

O diagnóstico foi uma lasquinha do osso na base do dedo mindinho. Deve ficar imobilizado com uma férola  no dedo durante 10 dias.

Antes tinha dito a ele que ele ia virar o Wolverine, pra que ele não ficasse assustado.

Na sala de gesso, foi colocada a férola. Ele ficou olhando, sem chorar e obedeceu direitinho a tia do gesso:

"Não pode molhar tá?"
"Tá."

Saiu de lá meio indignado por estar achando o ferrinho muito chato. Queria arrancar tudo e jogar fora. Eu expliquei a ele que deveria ficar com esse ferrinho pra poder melhorar. E que agora não ia doer mais. Ele foi dormir muito chateado.
Imaginei que ele iria acordar mau humorado, arrancando tudo.

...

Ao acordar no dia seguinte, veio alegre:

"Ah, mamãe! Sou o Wolverine."

terça-feira, 10 de abril de 2012

Entrevista com o Victor

Idade: 4

Cor favorita: Verde

O que você quer ser quando crescer: Um testador de video-games!


Animal favorito: Tartaruga (um dia desses era lagarto)

O que mais incomoda:
"Calor, mas não gosto quando chove, Manaus chove muito e Brasília as vezes também...vou pra outro planeta."

Se eu der dinheiro a você, o que vai comprar:
Quatro gelatinas.

Super-herói favorito:
Astro Boy.

Não gosta de ver na TV:  Chaves (Pode uma coisa dessas?)

O que mais gosta de fazer:
Jogar video-game
Brincar com os priminhos na piscina e na terra (ufa!)

Mamãe, agora ta bom...preciso ir, vou jogar!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Vai ficar tudo bem!

E aqui vamos nós juntando os pedacinhos de uma grande explosão que deixou destroços espalhados por todo o corpo. Minha cabeça, meu coração, minhas costas...nossa que bagunça!
Doeu demais. Por alguns instantes imaginei que não ia conseguir levantar. Achei mesmo que iria me afogar nas minhas próprias lágrimas e nem sequer dei uma boiazinha pro meu filho não se aforgar junto comigo...

Foi aí, no meio desse rio, que fitei o rostinho dele. Lindo, porém triste com a minha expressão, apenas disse: "Mamãe, não chora. Vai ficar tudo bem."

Achei que o mundo estava acabando e repentinamente comecei a pensar o contrário. Aquilo tudo era somente uma oportunidade de recomeçar. Esta frase, dita pelo meu sábio particular, ecoou na minha mente como um furacão levando tudo que é desespero e angústia. Limpou meus pensamentos! Nesta mesma hora decidi começar tudo de novo.

Imagine só...nós, mães. Quando eles se machucam ou estão enfrentando uma situação difícil para a idade deles, falamos que vai ficar tudo bem, que ele vai conseguir sair dessa, que não está sozinho e isso lhes dá uma força tremenda...vejo que meu guri está aprendendo direitinho.

Disse exatamente o que eu falei outro dia a ele, sem pestanejar, com um leve sorriso e com um ar de confiança.

Ele acredita em mim. E eu acredito nele.